A tragédia que vitimou Daniel, operário da indústria Bridgestone em Santo André, evidencia um problema grave que ultrapassa o âmbito individual e chega ao coração da gestão das empresas. O relato dos colegas aponta que a máquina que causou o acidente já apresentava defeitos, mas não foi realizada a manutenção necessária. Essa situação revela como a negligência com a tecnologia e a segurança pode gerar consequências fatais, impactando diretamente a vida dos trabalhadores e suas famílias.
Em um cenário onde a tecnologia avança rapidamente, é surpreendente que ainda haja falhas tão básicas na manutenção de equipamentos industriais, principalmente em setores que demandam alto rigor na segurança. A tecnologia disponível hoje permite monitoramento em tempo real e manutenção preventiva, que poderia evitar tragédias como a de Daniel. O descaso com essas ferramentas reflete um problema estrutural que precisa ser enfrentado com urgência para garantir ambientes de trabalho mais seguros.
Os dados financeiros da Bridgestone, que apresentam lucros expressivos, contrastam com a falta de investimento em segurança e tecnologia preventiva. Em um contexto onde a automação e os sistemas inteligentes de monitoramento poderiam assegurar o funcionamento correto das máquinas, a priorização do lucro em detrimento da vida humana demonstra um modelo de gestão falho e irresponsável. A tecnologia, se bem aplicada, deveria ser aliada na proteção do trabalhador e não um recurso negligenciado.
Além da questão econômica, a falta de manutenção adequada representa um erro grave na gestão da tecnologia e dos processos produtivos. A integração de sistemas digitais que detectam falhas e alertam para possíveis riscos é uma realidade que muitas indústrias ainda não adotaram plenamente. Essa ausência contribui diretamente para a ocorrência de acidentes que poderiam ser evitados com o uso correto da tecnologia disponível.
A segurança do trabalhador deve estar no centro das políticas empresariais, e a tecnologia desempenha um papel fundamental nesse aspecto. Ferramentas como sensores inteligentes, análise de dados em tempo real e manutenção preditiva são indispensáveis para evitar que equipamentos defeituosos coloquem vidas em risco. Investir nessas tecnologias significa não apenas proteger o colaborador, mas também garantir a continuidade da produção e reduzir custos relacionados a acidentes.
É essencial que as empresas compreendam que o custo com manutenção e segurança não é um gasto, mas sim um investimento que traz benefícios diretos para todos os envolvidos. A inovação tecnológica pode proporcionar ambientes de trabalho mais seguros e eficientes, ao passo que a negligência compromete a integridade física dos trabalhadores e o futuro das organizações. O caso de Daniel é um alerta para a necessidade de mudanças imediatas na gestão da tecnologia industrial.
Além disso, a responsabilidade social das empresas deve incluir o compromisso com a vida e o bem-estar dos seus colaboradores. A tecnologia, quando bem empregada, pode atuar como uma aliada poderosa na promoção da saúde e segurança, minimizando riscos e garantindo que incidentes como o ocorrido não se repitam. É preciso que haja fiscalização rigorosa e que os recursos tecnológicos sejam efetivamente utilizados para proteger o trabalhador.
Por fim, a morte de Daniel não pode ser apenas mais uma estatística. É um chamado urgente para que a tecnologia seja utilizada de forma ética e responsável nas indústrias, com foco na prevenção e no cuidado humano. Garantir a segurança dos trabalhadores é uma questão de justiça e dignidade, e a tecnologia deve estar a serviço dessa causa, promovendo ambientes mais seguros e respeitosos para todos.
Autor: Terry Devinney